Mais uma vez o campeonato de 2009 dá demonstrações de ser o mais irregular e confuso dos últimos anos. O GP do Japão foi a corrida de uma equipe só, com a Red Bull Racing dominando do início ao fim sem a menor chance para os adversários.
Enquanto algumas corridas vêem os 15 melhores pilotos sendo separados por no máximo oito décimos, na tabela das melhores voltas da corrida, Mark Webber girou um segundo mais rápido que a melhor volta de Nico Rosberg, 9º colocado.
Mas não é só isso. A diferença das melhores voltas de Vettel e Webber foi de míseros três milésimos. Webber virou 1:32.569 e Vettel 1:32.572. A partir daí, longínquos 430 milésimos atrás, se encontra a Ferrari de Kimi Raikkonen, que cravou o terceiro melhor tempo do dia.
Para fechar o absurdo, as Red Bull foram cerca de dois segundos e meio mais rápidas que os dois mais lentos, Nakajima e Buemi.
É difícil definir com clareza se é irritante ou excitante não ter a mínima noção do que faz um carro ser veloz em uma pista e lento em outra.
Para o campeonato, do ponto de vista da disputa, certamente é muito bom. Mas mais do que nunca, 2009 tem delineado a qualidade do carro em detrimento da do piloto.
Para se ter uma ideia, no primeiro GP do ano, na Austrália, Jenson Button marcou a pole position com incríveis seis décimos de diferença para o terceiro colocado, o mesmo Sebastian Vettel, com sete quilos a mais de combustível.
Ou seja, corrigido o combustível, o inglês estaria a quase um segundo de diferença do alemão, absurdamente mais rápido.
É claro que, em Suzuka, Vettel teve uma performance de gala. A velocidade com que o piloto voltava a girar rápido logo depois de suas paradas é incrível. Suas voltas todas giravam em torno de 1.33:300, ou seja, apenas oito décimos de sua volta mais rápida. Ele demorava não mais que cinco voltas para restabelecer o ritmo de antes das paradas e sua consistência faria inveja ao Big Ben.
A vitória foi incontestável na feliz união do melhor piloto na pista com o carro mais acertado, mas não é como se Button tivesse ido mal.
Aliás, Button foi muito melhor que Barrichello, que explicou não estar feliz com o acerto do carro no fim-de-semana. Rubinho marcou apenas o 13º melhor giro e, nos setores da pista, só esteve entre os dez primeiros no último setor.
Já Button teve simplesmente o melhor terceiro setor de toda a prova e ocupava a quinta posição no segundo setor. Apenas o primeiro setor que custava muito ao inglês, marcando também apenas o 13º melhor tempo.
Já Webber fez um giro tão rápido que se dava ao luxo de ocupar a mesma 13ª posição no terceiro setor e ainda assim ser o mais rápido da pista, mesmo com Vettel tendo o segundo melhor tempo no primeiro e no segundo setores.
As previsões dizem que a próxima etapa em Interlagos é compatível com todos os grandes carros do grid. É boa para o KERS da McLaren e da Ferrari, é boa para a velocidade final da Brawn e sua boa aerodinâmica para curvas travadas e boa também para a Red Bull e sua performance acachapante para curvas de alta velocidade.
Se é bom para todo mundo, a ironia está em que, num campeonato onde o carro é o mais importante, o piloto vai acabar fazendo a diferença.
É impossível palpitar sobre o vencedor da próxima corrida, mas Interlagos promete ser o que Suzuka não foi: emocionante. Isso porque Interlagos está longe de ser Silverstone ou Suzuka, com curvas rápidas e estreitas onde é impossível se aproximar do carro da frente devido à velocidade e poucos pontos de freada busca.
Nesse quesito, Interlagos tem tudo para ser bem melhor e a história da pista não deixa ninguém se enganar. São Paulo vai ferver!
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Um comentário:
Foi uma corrida monótona, mas muito bonita.
Eu diria que não foi uma corrida de uma equipe só, mas de um só piloto: Vettel.
De qualquer forma vai-se decidindo o campeonato mais irregular da história.
E estranho também...
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