segunda-feira, 5 de outubro de 2009

2010: previsões – Parte 2

Leia a Parte 1 aqui.

Por motivos lógicos, você não verá nada sobre as novas equipes. Apenas sobre as nove equipes definidas no grid (a décima é a BMW, que anunciou sua saída e nada foi definido sobre sua substituta).

Renault | Kubica & Kovalainen

Robert Kubica é um dos pilotos mais superestimados do grid na opinião do Splash-and-go. Depois de sua circunstancial vitória em 2008, o polonês nada fez para justificar o oba-oba em torno de si mesmo.

Mesmo que a BMW tenha entrado em processo de queda livre ano passado, Kubica tem demonstrado ser um piloto afoito e geralmente pouco confiável.

Este ano se envolveu em vários incidentes em corrida e tem sido invariavelmente batido por seu companheiro super discreto Nick Heidfeld, tanto em classificação como em corrida, além de ter marcado menos pontos.

Por essa razão é difícil entender todo o frisson que se causa quando se fala em Kubica. Mas como há gosto para tudo, a Renault acredita que o piloto será a solução de seus problemas.

Este blog acredita que não, e acredita ainda que ano que vem Kubica não fará nada diferente do que fez este ano, mesmo porque dificilmente a Renault vai produzir um carro tão bom quanto acha que pode.

Para ser companheiro do polonês, a Renault deve recrutar de volta seu ex-piloto Hekki Kovalainen. Kova até hoje não mostrou a que veio na F1, venceu uma corrida por pura sorte, não apresenta resultados consistentes e simplesmente não vai fazer melhor do que fez na super McLaren de 2008, ou seja, nada.

O finlandês é a gentileza em pessoa, muito diferente de seu conterrâneo Raikkonen. É sorridente, brincalhão e se dá muito bem com a McLaren, mas nada justifica uma equipe do calibre da Renault, que já teve o piloto antes, traze-lo de volta.

A dupla da Renault será uma das mais chatas e estagnadas da F1 ano que vem, e isso é triste para uma equipe que foi campeã mundial há três anos. Merecia algo melhor, ainda mais agora sem Briatore e Alonso.

Williams | Barrichello & Hulkenberg

Rubinho chega à Williams dez anos atrasado. No auge de sua ascensão ao estrelato (1996 a 1999) Barrichello foi assediado pelas três maiores equipes da F1. Todas venceram campeonatos na época com carros maravilhosos, mas Rubens acabou optando pelo dinheiro, embora diga que não.

Depois disso, sua carreira declinou, ainda que tenha produzido pilotagens do mais alto calibre na Ferrari. Na Honda, nada mais foi do que um piloto enchendo o grid, assim como seu companheiro Jenson Button.

Na Brawn, Rubens teve a chance que queria, mas sua adaptação ao carro foi lenta demais e reagiu muito tarde, apenas para ver seu companheiro mais uma vez arrematando o título mundial com que o piloto brasileiro tanto sonhou.

O casamento entre Williams e Barrichello é bonito e cheira à tradição da F1 que todo brasileiro gosta, do fim dos anos 1980 e início de 1990. Entretanto, a capacidade da Williams de produzir um carro vencendor nunca mais foi a mesma depois que Juan Pablo Montoya pilotou para Sir Frank.

É tentador pensar que a equipe de Grove tem um bom projeto nas mãos, mas o mais provável é que veremos Rubinho ocupando o meio do grid como Nico Rosberg faz agora, mas com menos consistência.

Já Nico Hulkenberg é mais um piloto da GP2 que chega à F1 com toda pompa. Entretanto é fácil enxergar que apenas Lewis Hamilton conseguiu algo realmente estupendo na F1. Todos os outros pilotos oriundos da GP2 cumprem tabela. Seria “the Hulk” mais uma exceção à regra?

Hulkenberg provavelmente vai tomar aulas de direção de Rubinho ano que vem, mas pelo menos tende a aprender mais rápido com o brasileiro boa-praça e congregador, além de contar com sua vasta experiência. Será uma dupla interessante de se observar, se a TV deixar.

Toyota | ?

A equipe japonesa acaba de produzir seus dois melhores resultados no ano bem no momento em que praticamente demite sua dedicada dupla de pilotos.

Há algo de ironia nisso, pois dificilmente a escuderia nipônica será capaz de montar uma dupla como essa para a temporada 2010.

Há quem diga que Kazuki Nakajima vai finalmente pilotar para a montadora que o empurrou para a Williams, o que seria algo triste do ponto de vista dos resultados.

Já Kamui Kobayashi tem a chance de ser promovido, mas conta com um histórico humilde no automobilismo.

A Toyota se veria no céu com uma dupla de pilotos japoneses, mas a verdade é que se veria ao mesmo tempo no inferno com resultados pífios e seu nome na lama da F1.

McLaren | Hamilton & Raikkonen

O atual campeão da F1 fez uma temporada vencedora e se redimiu dos pecados australianos no início do ano.

Hamilton correspondeu ao árduo trabalho de Woking com pilotagens de primeira categoria, venceu duas provas até agora e não deixou, é claro, de cometer seus erros de jovem afobado.

Ano que vem, será realmente um dos grandes favoritos ao título.

Já Kimi Raikkonen foi vítima do outro lado de Maranello, o lado frio, hostil, “just business”. O finlandês, fiel à equipe, fez de tudo para levar a Scuderia ao topo do pódio. E conseguiu com a incrível pilotagem do GP da Bélgica.

Depois de ser preterido por Alonso, Raikkonen só pode ter a McLaren como destino. E a volta do Iceman seria ótimo para os fãs, para a F1 e para o automobilismo.

Kimi é um piloto completo, rápido, destemido, consistente. É um prazer assisti-lo pilotar com toda sua precisão e velocidade.

Sua dupla com Hamilton será fascinante. A relação entre os dois deve ser amistosa e tranquila, e Raikkonen não costuma guardar mágoas de disputas na pista, mas com certeza vai querer fazer a Ferrari provar do próprio veneno e, de quebra, levar a McLaren mais uma vez ao campeonato de construtores.

Além disso, Hamilton terá finalmente um companheiro que trará perspectiva às suas performances, mas sem implodir as coisas na equipe inglesa, como foi com Alonso.

Dificilmente os dois se prejudicarão ou jogarão sujo um com o outro. Vai ser uma disputa limpa de uma dupla que, com certeza, tende a bater Massa e Alonso, se a McLaren produzir um carro rápido.

É por isso que 2010 deve ser a temporada mais eletrizante dos últimos anos.

Resta apenas esperar.

2 comentários:

Felipão disse...

ótimo, Daniel! Quanto ao Kova, vc disse exatamente o que penso. Talvez isso até o prejudique durante a elaboração de um contrato. Pode ser o escudeiro eterno da f1...

Ridson de Araújo disse...

Achei interessante a análise, Daniel. Entretanto, acho que Kova vai ser lugar-comum de outra escuderia.

Fiz esse post lá no Histórias e Velocidade, falando um pouco desse mercado de pilotos para o ano que vem junto com reflexões historiográficas..se puder, confere lá

http://historiasevelocidade.blogspot.com/2009/10/probabilidades-possibilidades-e.html