Entre os fãs de Barrichello, o consenso é que o piloto brasileiro é melhor do que Jenson Button. É impossível buscar todas as informações de corrida sobre os dois enquanto dividiram os boxes da extinta Honda Racing, mas certamente é possível compilar as informações mais fáceis de se encontrar.
É difícil comparar dois pilotos por inúmeros motivos, mas é fácil se o método de comparação se resume a um quesito determinado, pois dessa forma a comparação fica mais objetiva e isenta de "achismos" e fanatismos, coisa muito comum nas rodas de conversa da F1.
Como este blog já demonstrou nos posts anteriores, a idéia aqui é discutir fatos, e não argumentos, pois na presença de um, o outro não existe. Vamos então aos fatos.
Abaixo, você verá a compilação de todos os resultados de Jenson Button e Rubens Barrichello de 2006 a 2008. Como dito anteriormente, o consenso é que Barrichello bateu Button. Vamos utilizar então três critérios para medir os resultados de ambos: pontos, vezes que chegaram na frente um do outro e vezes que chegaram na frente um do outro quando os dois terminaram a corrida.
Em 2006, Rubens era recém-chegado da Ferrari, onde passou seis longos e frustrantes anos sob a batuta de Ross Brawn, Jean Todt e Michael Schumacher. Conquistou muita coisa (mesmo), mas o que mais queria, passou bem longe: o campeonato mundial.
Na melhor das hipóteses, era um grande piloto chegando em uma equipe que acabara de se formar (a exemplo da Brawn GP). A Honda comprou a British American Racing (BAR), para a qual fornecia propulsores até então, e montou sua própria escuderia. Muita coisa nova, muita coisa velha, mas um carro que prometia.
Já Button, que havia corrido por dois anos na BAR-Honda, veio de uma polêmica em relação ao seu contrato com a Williams, equipe pela qual assinou para correr em 2006. No fim das contas, o inglês rasgou o contrato que havia assinado com Frank Williams pelo fato de a BMW ter parado de fornecer motores para a equipe. Button alegou que as condições mudaram e ele permaneceu na ex-BAR, pois a Honda a comprou e o piloto vislumboru resultados mais positivos. Jenson foi muito criticado na época por ser "vira-casaca" e acabou maculando sua imagem diante da exigente imprensa britânica.
O resumo da história. Button estava em casa com um carro e uma equipe que conhecia bem. Rubens, ao contrário, dava um passo atrás e vinha para uma equipe que até então brigava no meio do pelotão. Veio a temporada 2006 e a batalha começou.
2006
Bahrein - Rubens 15º x Jenson 4º
Malásia - Rubens 10º x Jenson 3º
Austrália - Rubens 7º x Jenson 10º
San Marino - Rubens 10º x Jenson 7º
Europa - Rubens 5º - Jenson (RET)
Espanha - Rubens 7º - Jenson 6º
Monaco - Rubens 4º - Jenson 11º
Inglaterra - Rubens 10º - Jenson (RET)
Canadá - Rubens (RET) - Jenson 9º
EUA - Rubens 6º - Jenson (RET)
França - Rubens (RET) - Jenson (RET)
Alemanha - Rubens (RET) - Jenson 4º
Hungria - Rubens 4º - Jenson 1º
Turquia - Rubens 8º - Jenson 4º
Itália - Rubens 6º - Jenson 5º
China - Rubens 6º - Jenson 4º
Japão - Rubens 12º - Jenson 4º
Brasil - Rubens 7º - Jenson 3º
Pontos - Rubens 30 x 56 Jenson
Na pista - Rubens 5 x 12 Jenson
Na pista quando os dois terminaram - Rubens 2 x 10 Jenson
Os resultados mostram claramente o quão à vontade Jenson estava com o carro. Na segunda metade da temporada, nenhum piloto do grid marcou mais pontos que o inglês, que fez 40 pontos nas últimas sete corridas, um aproveitamento de 57% dos pontos disputados.
Na pista, Jenson terminou 12 corridas à frente de Barrichello que, por outro lado, terminou apenas cinco na frente do piloto britânico. Nas corridas em que ambos terminaram, Jenson terminou acachapantes 10 vezes na frente do brasileiro, contra apenas duas. 2006 foi o ano de Jenson Button, que fechou o campeonato em sexto, conseguiu uma pole-position e sua primeira vitória, também a primeira de sua equipe Honda Racing.
Em 2007, já mais acostumado com o carro, Rubens conseguiu guiar melhor, batendo Button nas seis primeira provas do campeonato. Entretanto, foi o ano mais negro da carreira do brasileiro, pois não conseguiu marcar um ponto sequer.
2007
Austrália - Rubens 11º x Jenson 15º
Malásia - Rubens 11º x Jenson 12º
Bahrein - Rubens 13º x Jenson (RET)
Espanha - Rubens 10º x Jenson 12º
Mônaco - Rubens 10º - Jenson 11º
Canadá - Rubens 12º - Jenson (RET)
EUA - Rubens (RET) - Jenson 12º
França - Rubens 11º - Jenson 8º
Inglaterra - Rubens 9º - Jenson 10º
Europa - Rubens 11º - Jenson (RET)
Hungria - Rubens 18º - Jenson (RET)
Turquia - Rubens 17º - Jenson 13º
Itália - Rubens 10º - Jenson 8º
Bélgica - Rubens 13º - Jenson (RET)
Japão - Rubens 10º - Jenson 11º
China - Rubens 15º - Jenson 5º
Brasil - Rubens (RET) - Jenson (RET)
Pontos - Rubens 0 x 6 Jenson
Na pista - Rubens 11 x 5 Jenson
Na pista quando os dois terminaram - Rubens 6 x Jenson 4
Nesta temporada, Button conseguiu seis pontos, com um quinto lugar e dois oitavos, mas Rubens terminou 11 vezes à frente do britânico. Todavia, nas corridas em que os dois terminaram, a diferença foi bem menor, com seis vezes para o brasileiro contra quatro de Button. A temporada de 2007 viu Jenson Button abandonar seis vezes, contra apenas duas de Barrichello, algo que deve ser levado em consideração na comparação.
Por fim, veio a temporada de 2008, que muitos consideram a melhor de Barrichello na Honda. Mas ao analisarmos os resultados na pista, o brasileiro não sai com tanta vantagem. Senão, vejamos:
2008
Austrália - Rubens (DSQ) - Jenson (RET)
Malásia - Rubens 13º - Jenson 10º
Bahrein - Rubens 11º - Jenson (RET)
Espanha - Rubens (RET) - Jenson 6º
Turquia - Rubens 14º - Jenson 11º
Mônaco - Rubens - 6º - Jenson 11º
Canadá - Rubens 7º - Jenson 11º
França - Rubens 14º - Jenson (RET)
Inglaterra - Rubens 3º - Jenson (RET)
Alemanha - Rubens (RET) - Jenson 17º
Hungria - Rubens 16º - Jenson 12º
Europa - Rubens 16º - Jenson 13º
Bélgia - Rubens (RET) - Jenson 15º
Itália - Rubens 17º - Jenson 15º
Cingapura - Rubens (RET) - Jenson 9º
Japão - Rubens 13º - Jenson 14º
China - Rubens 11º - Jenson 16º
Brasil - Rubens 15º - Jenson 13º
Pontos - Rubens 11 x Jenson 3
Na pista - Rubens 7 x Jenson 10
Na pista quando os dois terminaram - Rubens 4 x Jenson 5
Rubinho conseguiu um brilhante terceiro lugar em Silverstone em uma caótica corrida na chuva. Mas o terceiro lugar dele tem tanta sorte envolvida quanto teve a primeira vitória de Button em 2006. A diferença é que o inglês tirou proveito de seu bom momento e se manteve constante no resto daquela temporada, enquanto Rubens não repetiu a façanha neste ano.
Os números não mentem. Em 2008, nas corridas em que ambos terminaram, Button acabou à frente de Rubens cinco vezes, contra quatro do brasileiro. Na pista, contando os abandonos, a coisa não melhora muito, com o placar de 10 a 7 a favor de Button.
No fim das contas, o que vale no campeonato são os pontos. Mas os pontos conquistados por Barrichello na temporada de 2008 tiveram uma grande mão da sorte, que tantas vezes lhe vira a cara. No apanhado dos três anos, Button fez 65 pontos no total, contra apenas 41 de Rubinho, uma média de 1,22 ponto por corrida, contra 0,77 ponto de Barrichello.
Ao se analisar a constância e performance pura na pista, das 53 provas disputadas entre os dois, por 20 vezes Jenson Button terminou na frente de Barrichello, contra apenas 12 do brasileiro. Não é pouca coisa um piloto terminar quase duas vezes mais corridas na frente do companheiro quando os dois terminaram a prova.
Portanto, se forem levadas em conta todas as informações apresentadas, Jenson Button é mais constante que Rubens Barrichello, algo absolutamente corroborado pelas duas primeiras corridas da temporada 2009, conforme este post demonstrou.
A questão que fica no ar é a seguinte: em um carro competitivo, será que Rubens dará conta de bater Jenson Button? Por enquanto, a resposta é não.
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5 comentários:
Dan,
Rubens não é mau piloto,longe disso,mas também não fica acima da média,sempre se esperou muito dele,mas ele não conseguiu manter uma consistencia.
Ele fez corridas históricas e belissimas,como sua vítória na Alemanha,ou naquela outra bela vitória Silverstone,só que foram vitorias isoladas,ele nunca conseguiu uma sequencia.
Tudo bem que tinha Schumacher,mas o fato é sempre esse,agora tem o Button que é acima da média,e sempre será assim.
Barrichello fez sua história na F1,merece sair dignamente,acredito que ele possa vencer nesse ano,mas lutar pelo campeonato não creio.
grande abraço
É, os números não mentem. Honestamente, torcer para o Barrichello é um exercício que chega a beirar a deslealdade - quem torceu por ele nos tempos de Ferrari e torce agora nos tempos da Brawn GP sabe disso. Aquela expectativa de "nesse fim-de-semana ele dará a volta por cima", e o tal fim-de-semana nunca chega.
Por outro lado, também não vejo um "algo a mais" em Button. Sim, ele é extremamente rápido e regular, mas sua pilotagem não tem nada de brilhante ou intenso e ele raramente arrisca manobras arrojadas. Entretanto, parece mais qualificado para um título mundial do que o brasileiro, que ironicamente já tem dois vice-campeonatos na bagagem.
Não há dúvidas de que esta é a última chance de Barrichello, em uma equipe que começou do zero, após uma enorme volta por cima ao ser dado como aposentado e ressurgir do nada nas primeiras posições. Mas parece que ele novamente está jogando essa oportunidade fora...
Abraço!
Marcelo, com certeza, Rubens é um piloto excepcional e entrou na lista dos 50 maiores pilotos da história do The Times em 37º lugar(!) na frente de gente como Gerhard Berger, Cley Regazzoni e... Jenson Button! (link: http://www.timesonline.co.uk/tol/sport/formula_1/article5986644.ece)
Eu nunca deixei de confiar nele, mas torcer pelo Barrichello é pedir pra sofrer mesmo, como disse o amigo Hugo Becker... mas sofrer sem ter recompensa é duro, não é mesmo?
Mas tenho certeza que, se ele vencer esse ano, vai ser muito mais emocionante que qualquer vitória do Massa, com exceção, claro, da final de 2008.
Acho que todo brasileiro fã de F1 tem um grito de Rubinho campeão entalado na garganta.
Dandan,
Parabens pelo blog, excelentes materias, numeros concretos e compromisso com a imparcialidade. Estarei sempre aqui vendo os novos posts, parabens.
Rubinho é muito fraco.
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