segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Pneus: de volta aos anos 90 em pleno 2010

Em 2009 você viu os pneus, depois de onze temporadas, voltarem a ser lisos como o asfalto por onde andam. Muitos comemoraram essa volta às raízes.

Em 2010, o reabastecimento foi banido, mais uma mudança que une a F1 do século XXI com a F1 da era Senna/Prost/Piquet/Mansell.

Ah, claro, Schumacher também está de volta, unindo-se a Barrichello como os dois únicos pilotos que competiram naquela época.

Mas um detalhe interessante passou sem muita discussão: os pneus passaram de sulcados a slick em 2009, mas em 2010, os da frente serão ainda mais estreitos que os de trás.

Embora poucos percebam, a temporada de 1997, a última com os slick, também exigiu dos fornecedores de pneus jogos com os compostos de trás muito maiores que os da frente.

Manipulando a aderência mecânica

Quando os pneus sulcados foram empregados em 1998, a superfície de contato dos pneus com o asfalto foi bruscamente diminuída no intuito de reduzir a velocidade dos bólidos.

Desta forma, para compensar o súbito desiquilíbrio mecânico do carro, os pneus foram aumentados para que a aderência também aumentasse e compensasse o menor contato dos pneus com o solo, o que incorreu também em asas mais largas e mais altas.

Segundo o diretor de Desenvolvimento de Pneus de Esportes a Motor da Bridgestone, Hirohide Hamashima, "quando voltamos aos pneus slick, as dimensões dos pneus sulcados foram mantidas, o que significa que a frente do carro ganhou proporcionalmente mais aderência do que a traseira. Isso é compensado ao fazermos o pneu da frente mais estreito".

Hamashima: não deu tempo

Entretanto, quando a Bridgestone sugeriu que os pneus da frente voltassem ao tamanho original para a temporada 2009, os projetos dos novos carros já estavam muito avançados para retroceder.

Desta forma, os carros de 2009 tiveram em sua maioria uma tendência de sair de traseira, pois as enormes asas dianteiras, muito baixas, aliadas aos grandes pneus slick garantiram uma excessiva força aerodinâmica na parte da frente do carro.

Na parte de trás não havia compensação suficiente, já que as asas foram projetadas altas e muito estreitas. Isso gerou pouca aderência e também demasiado desgaste dos pneus traseiros além, é claro, da notória dificuldade dos pilotos de aquecerem seus compostos.

Os engenheiros tiveram ainda trabalho extra para que o arrasto aerodinâmico causado pelos grandes pneus fosse compensado. Isso implicou diretamente nas esquisitas orelhas na extremidade das asas dianteiras constantemente perdidas pelos pilotos nas corridas. Elas serviam ao propósito de difundir o ar com mais eficiência, a exemplo do difusor duplo no assoalho.

Em 2010, os 245/55R13 vão substituir os 270/55R13,
onde 245 é a largura, o 55 é a banda e o R13 é o aro


Desafios


Tanque maior, lastro diferente, distribuição de peso diferente, distância entre-eixos maior, pneus mais estreitos e de compostos mais duráveis, peso absoluto maior, tudo isso é apenas uma fração do que os engenheiros têm trabalhado nestes meses que antecedem a próxima temporada.

É por essas e outras que 2010 promete ser o ano com um dos melhores campeonatos de carros de corrida em muito tempo. Seja bem-vindo, 2010.

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