Curiosamente, o outro parente de um tricampeão brasileiro, Nelson Piquet Jr., também vive sua própria maldição particular. A exemplo de Bruno Senna, Piquet também ficou a ver navios em 2010, ao menos no que se refere à F1.
Senna ainda não teve a chance de mostrar seu talento em uma verdadeira competição entre os carros da categoria, mas Piquet sim, por 18 corridas. E fez o pior possível dessas chances.
A diferença entre os dois é que Senna não foi tão bem sucedido nas categorias de base, enquanto Piquet Jr. venceu a Formula 3 Sulamericana e a Fórmula 3 britânica.
Isso além de ter conseguido o vice-campeonato da GP2 em 2006, atrás apenas do maior fenômeno do automobilismo mundial nos últimos cinco anos, Lewis Hamilton. Um currículo de fazer inveja ao sobrinho de Ayrton.
Senna também ficou com o vice-campeonato da GP2, mas perdeu para um obscuro Giorgio Pantano, piloto que já havia ido à F1, mas foi rapidamente descartado por maus resultados quando piloto a Jordan. Fora isso, nada que salte aos olhos.
Como já foi exaustivamente discutido, é difícil saber que tipo de pressão e de negociação havia na relação entre Piquet, Briatore e a Renault.
À época da divulgação do escândalo de Cingapura, o Splash-and-go deixou claro seu ponto de vista sobre o assunto com um post intitulado "Piquet Jr.: a única opção".
Passados alguns meses, a opinião não mudou, mas a categoria tratou de julgar e condenar Nelson Piquet ao não lhe permitir mais entrada em suas dependências.
Com o anúncio da ida do piloto à Nascar, nos Estados Unidos, fica claro que, do ponto de vista do automobilismo (F1) e dos objetivos de Piquet, seu destino era mesmo a danação. Por não ter opção dentro do Crashgate em si, Nelsinho não teria também outra chance.
O que mudaria talvez sua trajetória seria sim o que fez para seu ingresso na categoria, quando se envolveu com gente errada em uma equipe que, embora tenha tremenda tradição na F1, era dirigida por uma pessoa de caráter duvidoso.
Por incrível que pareça, a pessoa que parece ter posto Piquet Jr. nesta situação foi seu próprio pai, Nelsão. Ele quem tinha relação com Briatore e ele quem tinha o contato. Ele quem confiava no italiano.
No entanto, numa doce ironia do destino, Piquet pai construiu a carreira do filho passo a passo, dando-lhe carros competitivos e apoio (e que apoio!) técnico e moral, mas no momento da decisão mais delicada e a que ditaria as regras na nova vida do filho na F1, houve o erro de avaliação e tudo o que foi construído visando a categoria desmoronou como um castelo de cartas.
E desse erro, decorreram-se outros do filho que, agora em um ambiente selvagem de pressão e competitividade, não conseguiu deixar aflorar o talento que ele sempre teve -e disso não há dúvida.
Os Piquet buscaram Briatore para a salvação, mas ganharam a danação.
Piquet Jr. quer a F1, mas será que a F1 quer Piquet Jr.?
Nesse caso, você já sabe a resposta.
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Um comentário:
É uma grande pena. Também acho que ele não merecia essa situação. Mas a sucessão de fatos nos anos de 2008 e 2009 deram cabo de tudo o que sonhou pra carreira dele.
Não consigo ver Nelsinho fazendo carreira nos EUA. Ele tá dando uma fogidinha mas vai continuar tentando voltar. Mas é improvável, a menos que o Nelsão disponibilize um alto paitrocínio. E olhe lá.
Particularmente não tenho nada contra o retorno dele. Só que a F-1 de uns tempos pra cá ficou tão fresca e preocupada com a imagem, que qualquer coisa que aconteça é motivo de retaliação. Até o Mosley que levou uns tapas na bunda passou por maus momentos, mesmo que a bunda do presidente da FIA não interfira em bosta nenhuma.
Mas infelizmente é assim que as coisas acontecem hoje em dia.
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