quarta-feira, 6 de maio de 2009

Vídeo da semana

O ano era 2005. A Ferrari começava sua derrocada após cinco anos de domínio como a F1 jamais viu. Sem vencer nenhuma prova até então, a equipe vermelha rumou para o GP dos EUA, em Indianápolis.

Ninguém suspeitava, mas a corrida no templo do automobilismo mundial viria a se tornar uma das mais controversas já feitas. Por um incrível erro de cálculo, os engenheiros da Michelin entregaram compostos que não se adequaram ao asfalto abrasivo e à temperatura da região.

As equipes teriam que correr com aqueles compostos, pois, caso fossem trocados, estariam sujeitas a perderem os resultados da corrida, de acordo com as regras.

O pessoal da Michelin escreveu ao diretor de prova, Charlie Whiting, dizendo que não podiam garantir a segurança dos pilotos a não ser que diminuíssem a velocidade na curva 13, local onde os compostos franceses eram mais vulneráveis.

Whiting sugeriu aos engenheiros da Michelin que determinassem um limite de velocidade para seus pilotos não correrem riscos. Disse ainda que qualquer outra solução seria "altamente injusta com as equipes que usam Bridgestone".

Por horas, os representantes das equipes, dos pneus, da FIA e da FOM se reuniram na tentativa de chegar a uma solução que não ferisse os interesses de todos. Na reunião, apenas Jean Todt não compareceu. Os representantes da Michelin pediram que as equipes usando Bridgestone autorizassem a instalação de uma chicane na curva 13.

Os presentes concordaram com a chicane e começaram a providenciar sua instalação. Ecclestone foi então a Todt perguntar sua opinião. O francês foi taxativo ao se posicionar contra e disse que era um problema da Michelin e da FIA, não dele. Ecclestone disse ainda, um pouco mais tarde, que Max Mosley foi radicalmente contra e afirmou que "se houver qualquer tentativa de modificar o circuito, ele (Mosley) cancelaria o GP imediatamente".

O resultado foi que os representantes da Michelin não autorizaram as equipes com seus compostos correrem, mas apenas alinharem no grid e darem a volta de apresentação. Assim foi feito e, ao se aproximarem do fim da volta, todos os pilotos se dirigiram aos seus boxes, o que causou uma onda de revolta no traçado americano.

Apenas Ferrari, Minardi e Jordan correram e completaram a corrida. Os pilotos Tiago Monteiro (Portugal), Narain Karthikeyan (Índia), Christijian Albers (Holanda) e Patrick Friesacher (Áustria) todos pontuaram pela primeira vez em suas curtas carreiras na F1.

Schumacher e Barrichello dominaram a corrida e terminaram a uma volta das Jordan e duas das Minardi, levando a Scuderia italiana à primeira e única vitória do ano. O piloto português conseguiu um pódio totalmente extraordinário diante das circunstâncias e só ele viria a pontuar depois apenas uma vez mais na carreira.

Essa história toda foi apenas para contextualizar o vídeo abaixo, feito da arquibancada diante da saída da curva 13, quando Ralf Schumacher bateu forte sua Toyota devido ao pneu traseiro esquerdo (na foto ao lado) ter furado diante da alta pressão lateral exercida no contorno da curva de alta velocidade.



Repare que Ralf chuta seu carro em frustração, sem saber que a culpa era dos pneus.

Foi aí que a Michelin descobriu que os pneus estavam debilitados. Após esse incidente, vários outros carros tiveram o mesmo problema, inclusive a Toyota do brasileiro Ricardo Zonta, que pode ser vista neste vídeo abaixo já com o mesmo pneu traseiro esquerdo furado.



Numa postura ainda mais curiosa, os fiscais de prova cobriram os pneus e posteriormente o próprio carro para evitar que as pessoas vissem o que estava ocorrendo.

Não adiantou, pois a mancha sobre o GP de Indianápolis já havia sido feita e a Fórmula 1 mais uma vez falhou em seduzir o exigente publico americano. Em 2007, a categoria máxima do automobilismo se despediria mais uma vez dos americanos para uma volta, até agora, muito incerta.

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