O japonês Kamui Kobayashi foi sem dúvida a sensação deste final de temporada.
Com a régua passada e a féria ganha, os pilotos provavelmente queriam apenas se divertir, embora o traçado de Herman Tilke não tenha ajudado muito nesse quesito.
Coube então ao japonês dar espetáculo tanto em Interlagos como em Yas Marina. E o piloto não decepcionou.
No Brasil, deu show de pilotagem, não sem sua dose de controvérsia como todo bom japonês, e em Abu Dhabi mostrou para quem quisesse ver que tem consistência e velocidade na medida certa.
Koba não se intimidou e mais uma vez correu a corrida de sua vida, colocando voltas rápidas sucessivamente e pilotando de forma limpa.
A Toyota esteve melhor que a Ferrari, mas essa diferença poderia facilmente ser ofuscada pela tremenda qualidade de Kimi Raikkonen sobre o estreante da terra do sol nascente.
Acontece que Raikkonen largou na frente de Kamui, em 11º, com um tempo apenas 51 centésimos mais rápido e 2,3 quilos mais pesado.
E no fim, Kimi chegou uma posição atrás de onde largou e Koba chegou seis posições à frente, marcando três pontos.
Mas, com quase o mesmo peso e a mesma estratégia de uma parada, qual foi a diferença entre os dois?
A verdade é que, primeiro, Kamui fez uma ultrapassagem vital sobre Raikkonen na saída da primeira curva logo após a largada. Aí ele já ganhou uma posição fundamental para ser bem sucedido sobre o finlandês.
Segundo que o japonês foi sempre mais rápido que Kimi e, quando precisou, deixou para trás carros mais lentos. Prova disso foi a bela e rápida ultrapassagem sobre a recém-abastecida Brawn de Button.
Essa ultrapassagem valeu ao japonês várias posições. Caso se mantivesse atrás do inglês, Koba perderia oito décimos por volta em média, que foi a diferença de tempo entre os dois desde o seu encontro na saída dos pits de Button até a entrada de Kobayashi.
Já Raikkonen teve o azar (ou foi lento demais) para conseguir se antecipar à parada das duas Brawn e acabou tendo não só Button como Barrichello à sua frente logo depois do pit-stop de ambos.
Uma volta antes de sua parada, Kimi já estava a distantes 10 segundos de Kobayashi e quando ambos saíram de seus pit-stops, a distância já havia aumentado para 15 segundos.
De todo modo, especialmente rápido foi o segundo stint do japonês em relação a Raikkonen. Ao se analisar os tempos de volta após o pit-stop dos dois (Kimi na 29ª volta e Kamui na 30ª), constata-se que em várias voltas subsequentes à parada, Kobayashi foi até um segundo mais rápido que o finlandês, o que acabava com qualquer chance da Ferrari número 4 disputar posições.
Quando veio a segunda rodada de pit-stops do pessoal na estratégia de duas paradas, vários pilotos entraram entre Raikkonen e Kobayashi, e daí a distância entre os dois extrapolou em muito os 20 segundos, a ponto de, na última volta, estar em 26 segundos, justamente no momento em que o japonês cravou seu melhor giro na prova, em 1:40.779, 64 milésimos mais rápido que a melhor de Raikkonen, cujo tempo veio uma volta antes.
Isso demonstra também que ambos estavam pisando fundo mesmo nas últimas voltas da corrida e que Kamui estava realmente mais rápido e consistente que o finlandês.
O resultado foi uma pontuação forte, convincente, algo que Timo Glock dificilmente faria melhor caso estivesse recuperado de seu acidente.
É por isso que Kamui Kobayashi surpreendeu. E é por isso que a comunidade fã da F1 lamenta profundamente que Kamui possa ter perdido sua chance de ouro de ser piloto titular de uma grande equipe em 2010.
Duas corridas são pouco para analisar um piloto, pois Kazuki Nakajima também brilhou na sua estreia no GP do Brasil em 2007. Entretanto, o tempo foi implacável com Naka.
O mundo certamente não precisa de mais um sushiman, mas precisa de Kamui Kobayashi pilotando na F1.
Fica a torcida.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
GP de Abu Dhabi: como Kamui Kobayashi conseguiu o sexto lugar
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2 comentários:
Some-se a isso a má vontade patológica de Raikkonen de sentar num F1, da vontade de Kobayashi de provar seu valor... E a Toyota, que fez um final de temporada quase tão bom quanto o início.
Pena o piloto ficar a pé em 2010, mas penso que, se ele conseguir um cockpit, qualquer um, será melhor do que se ele estivesse na Toyota. A Toyota nunca alavancou - apenas enterrou - carreiras de pilotos.
Ele PRECISA de um carro ano que vem.
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