terça-feira, 16 de novembro de 2010

Red Bull Racing: a vitória da hipocrisia

Não é de admirar que um alemão esteja no centro de uma das comemorações mais hipócritas de que se tem notícia na F1. Navegando pelos sites e blogs do Brasil e do exterior, é notável nos textos a exaltação da F1, um resultado que ressalta a “lisura” da categoria (como disse o narrador global).

Chega a ser enojante a forma como se tem colocado a Red Bull como uma equipe correta, uma equipe que zela pelo bem do esporte. Dietrich Mateschitz acabou de provar mais uma vez o tamanho do gênio marqueteiro que existe em sua cabeça branca.

Não se discute e nem vai se discutir o mérito do merecimento por aqui. Sebastian Vettel foi magnânimo. Foi cirúrgico. Foi, enfim, campeão. Um rapaz que chega à F1 e faz o que ele faz não merece nada além de todos os louros. Dez pole-positions e 12 vezes largando à frente de Mark Webber não deixam ninguém ser enganado.

Entretanto, parece conveniente esquecer o episódio da Turquia, parece conveniente esquecer o episódio de Silverstone e parece conveniente esquecer o episódio de Interlagos. Mas o que um tem a ver com o outro?

Bom, primeiro, é bom lembrar que uma continha foi feita por aí demonstrando por A + B que, caso Webber tivesse vencido o GP do Brasil com uma ordem de equipe, tanto ele quanto Vettel teriam perdido o campeonato para Alonso e a Ferrari. Correto? Correto.

Mas essa conta é torta, maliciosa, porca até. Porque é muito, mas muito fácil mesmo dizer que a Red Bull é contra ordens de equipe quando seu primeiro piloto é quem está no lugar mais alto do pódio. É aí que mora a hipocrisia.

Este blog nunca foi fã de Vettel, da Red Bull e muito menos de Webber, mas este ano o australiano fez um trabalho irrepreensível, mostrando um talento que desde que chegou à categoria não mostrava.

No decorrer do campeonato, Webber se mostrou verdadeiramente um candidato ao título, e a Red Bull tentou cortar-lhe as asas mais de uma vez. Onde está a lisura nisso? Não existe lisura nisso. Existem má-fé e corporativismo travestido de detalhes técnicos.

Depois do show que Vettel deu este ano, alguém realmente acredita que ele precisa da ajuda de sua equipe contra seu parceiro para vencer alguma coisa? É óbvio que não. O que ele precisa é de um carro confiável. Só isso. O resto ele dá conta, e muito bem, sozinho.

Agora, depois da féria contada, é justo dizer que a Red Bull teve atitudes nobres e que o esporte venceu? Não.

Na opinião deste blog, a Red Bull (leia-se Helmut Marko e, em menor escala, Christian Horner) foi suja, mesquinha e antidesportiva. Do início ao fim do campeonato.

Vettel merece o campeonato que levou, mas a Red Bull não. A Red Bull não merece nenhum dos pontos que Mark Webber lhe deu e, por consequencia, não merece seu campeonato de construtores.

A F1 perde com tudo isso, mas a derrota é personificada em Mark Webber

A hipocrisia que se instalou na blogosfera e também na grande mídia (Globo incluída) é simplesmente chocante. Não há NADA no que a Red Bull fez no fim desta temporada que indique que ela estava ali pelo esporte.

Pode haver discordância quanto a isso, mas este blog não muda de opinião enquanto alguém não provar categórica e cabalmente que a equipe NÃO mandaria Webber encostar para Vettel passar em Interlagos caso os dois estivessem em posições invertidas, tanto na corrida quanto no campeonato.

É uma pena que Vettel tenha de estar ligado a uma equipe tão hipócrita e ele mesmo, por ingenuidade ou mau-caratismo, seja conivente com tamanha palhaçada.

Reste-se registrado: Sebastian Vettel foi o melhor e mais rápido piloto de 2010. E por isso, merece o campeonato. Mas a Red Bull não merece nada além do desprezo deste blog.

Nasce uma nova Ferrari.

20 comentários:

Henrique Paiva disse...

Discordo veemente. Webber reclmou de nao ter tido a prioridade da equipe quando precisou. Ou seja, reclamou por nao ter sido tratado como 1o piloto. Mas nunca reclamou de nao ter tido condiçoes de lutar pelo titulo.

excetuando-se o caso da troca de asa dianteira, nao houve beneficio aos pilotos. Tiveram condiçoes de lutar igualmente pelo titulo.

Vettel era preferido, mas nao priorizado.

No final das contas, vettel com todas as quebras e problemas com o carro, venceu webber. Sem tais problemas, teria dado uma surra, como deu em 2009.

Julio Cezar Kronbauer disse...

Rapaz, você tem o mesmo pensamento que eu! Achava que era o único que acha a Red Bull tão corporativista quanto a Ferrari ou a McLaren.

Meu outro pensamento é que a Red Bull não teve uma chance "concreta" de mostrar isso, seja com uma troca de posições em algum GP, ainda mais o último, em Abu Dhabi, neste domingo.

A equipe não precisou fazer isso, pois teve um Mark Webber apático, ao passo que Sebastian Vettel cumpriu seu papel com perfeição.

É o que sempre digo: Sebastian Vettel é o preferido, mas ainda não é priorizado, isso porque ainda não teve uma oportunidade para isso, e aposto que na primeira chance, eles farão isso.

Afinal de contas, na próxima vez que você for a um supermercado, e visualizar um pack de quatro latas de Red Bull, verá estampada a face de Sebastian Vettel, e não a de Mark Webber, e é aí que está a jogada de marketing.

Insensatotal disse...

É... A RED BULL é hipócrita.
Hipócrita, por não fazer o que todos fizeram: mandar um piloto encostar para o outro passar. Hipócrita por não ter mandado o Vettel bater em algum dos vários muros para que Webber ganhasse. Hipócrita por não ter mandado o Petrov deixar o El Sonso, ops, Alonso, passar...
Das Hipócritas, a que demonstrou mais bom senso foi a Red Bull.
(Coisa que a Fernadari, antiga Ferrari, jamais teve).
Calma: Alonso pode voltar a ganhar, ano que vem, com a ajuda nada-hipócrita de sempre...

DGF disse...

Em momento algum eu disse que a equipe deveria ter dado prioridade a Webber em detrimento de Vettel.

O que eu disse, e o Júlio Cézar falou bem, é que a equipe FARIA se fosse preciso, mas não fez porque Vettel acabou desencantando e destruindo Webber no Brasil e em Abu Dhabi.

De resto, sou convicto de que ela meteria a colher se as situações se invertessem no Brasil.

Não gosto de ordens de equipe e não gosto da Ferrari, mas gosto menos ainda de hipocrisia e de oportunismo, tudo o que a RBR tem mostrado nestas duas últimas semanas.

Bruno Aleixo disse...

Daniel, entendo seu argumento e até concordo em parte. Dizer que a Red Bull não mandaria Webber dar passagem à Vettel caso estivessem em situação contrária é hipocrisia. Mas esta é uma situação que teremos que esperar para ver.

Porque, por ora, o que temos é uma equipe que verdadeiramente deixou seus pilotos disputarem livremente e correu riscos por isso (vide Turquia e Interlagos, como você argumentou). Mas os assumiu e se deu muito bem, saindo com o título e com a tal imagem citada por você.

Além disso, essa cultura de 1º e 2º pilotos que se arraigou na F1 acabou atrapalhando Webber que, ao invés de se concentrar para conquistar bons resultados, virou sua metralhadora contra a equipe, exigindo tratamento diferenciado. Ou seja, fez exatamente o contrário do que vinha fazendo e que vinha dando certo.

Anônimo disse...

Chora Ferrarista!!!!!!!!!!!!!!

alexgontijo disse...

Concordo com tudo e assino embaixo.

A preferência por Vettel é tão escancarada que a equipe jogou na última equipe como se joga poker, na base da competência e na pura sorte, arriscando perder o título para que se alguém fosse ganhar, seria o Vettel.

Enfim, Vettel fez por merecer!

DGF disse...

Bruno, vc tem razão no que diz respeito ao que temos hoje, ou seja "uma equipe que verdadeiramente deixou seus pilotos disputarem livremente e correu riscos por isso (vide Turquia e Interlagos, como você argumentou). Mas os assumiu e se deu muito bem, saindo com o título e com a tal imagem citada por você".

Mas o meu post diz respeito justamente àquilo que não temos, o que fica por trás, o que se escreve nas entrelinhas, o que rola nos bastidores.

Não passa de especulação de minha parte, é verdade, mas nada me tira da cabeça que eles apenas fizeram o que lhes convinha, e é aí que está a grande jogada de marketing. O que lhes convinha calhou de ser o melhor a ser feito no momento, ou seja, deixar a bola rolar naturalmente.

O único que poderia estragar o esquema da RBR era Webber, mas ele deixou a desejar de fato e, por isso, não mereceu o título.

Mas, lembrando sempre, isso não tem NADA a ver com o que estou dizendo no post. É bom lembrar que comecei a levantar essa bola neste post: http://splash-and-go.blogspot.com/2010/11/gp-do-brasil-analise-do-discurso.html

A partir daí é que vem minha suposição. E tem lógica.

Eduardo Sacramento disse...

Daniel,

Eu estava pensando no episódio da Turquia assim que acabou a corrida. A Red Bull priorizou sim o Vettel em uma corrida que me foge a mente agora, que tiraram a nova asa dianteira do carro do Webber, a deram para o Vettel e no lugar da que tiraram foi reposto a antiga asa.

Mas fica difícil saber até que ponto a Red Bull não faria jogo de equipe se fosse o caso inverso. Acredito que com o episódio do GP da Alemanha, qualquer que fosse o piloto com mais chances eles não priorizariam, justamente pelo que vc chamou a atenção: marketing.

DGF disse...

Eduardo, a corrida em questão eu citei no texto, é Silverstone.

Como o Bruno Aleixo destacou, Webber tb fez infeninho na imprensa pra encher o saco da equipe e, é claro, ele tb queria puxar a brasa pra sua sardinha.

A questão que fica é essa mesmo... seria RBR isenta caso a situação se invertesse?

Eu não sei, mas na minha opinião, acredito que não.

Mas é apenas, de fato, uma opinião, nada além.

Ingryd disse...

Até que por fim alguém que pensa, de forma um pouco mais radical, como eu!
Esse papo de que o esporte ganhou pq a RedBull não fez jogo de equipe e blah blah blah. Porcaria nenhuma. Acho legal sim, ver Vettel, um menino muitíssimo talentoso, "despreocupado" e por aí vai. Legal o choro dele, legal a comemoração. Legal pro esporte que alguém tão "simpático" e ao menos não descaradamente prepotente como o espanhol Fernando Alonso. Mas para por aí. A RedBull ficou tão feliz por que foi Vettel. Sua preferência pelo alemão foi descarada durante todo o ano. Mark correu sozinho e venceria sozinho. A RedBull merece o campeonato pq no fim do dia o que conta é o trabalho, limpo ou não. Mas a lisura pregada, na prática, não existe, nem nunca existiu.

Bruno Aleixo disse...

O fato é que Webber foi realmente prejudicado em Silverstone, mas o que ele fez para reverter a situação? Foi para cima e Vettel na primeira curva depois da largada, jogou o companheiro para fora, assumiu a liderança e ganhou a corrida.

Enquanto reagiu à preferência por Vettel na pista se deu bem. No final, adotou um discurso de vítima, que nós brasileiros conhecemos bem, e os resultados pararam de chegar.

Unknown disse...

nunca li tanta asneira ...

DGF disse...

Obrigado pela audiência, Matheus!

Volte sempre.

Anônimo disse...

Olha ai a ética da red bul

O Red Bullfoi criado para estimular o cérebro de pessoas submetidas a um grande esforço físico e em "coma de stress".
O Red Bull é uma bebida energizante, comercializada a nível mundial com o slogan:"Aumenta a resistência física, agiliza a capacidade de concentração e a velocidade de reação, dá mais energIa e melhora o estado de ânimo" . Tudo isso pode ser encontado numa latinha de Red Bull, "a bebida energética do milênio!"
O Red Bull conseguiu chegar a quase 130 países de todo o mundo com um faturamento anual acima de 21 bilhões de euros na venda de 3 bilhões de latas. Os jovens e o desporto foram os símbolos eleitos pela marca para caracterizar a sua imagem, dois segmentos atrativos que foram cativados pelo estímulo causado pela bebida.
Foi criada por Dietrich Mateschitz , um empresário de origem austríaca, que a descobriu por acaso, durante uma viagem de negócios a Hong Kong , quando trabalhava para uma empresa fabricante de escovas de dentes.
Uma lata de 250 ml, contém 20 gramas de açúcar, 1000 mg de taurina, 600 mg de glucuronolactona, 80 mg de cafeína e vitaminas do complexo B.
Mas a verdade é outra
A França e a Dinamarca acabam de proibi-la por ser um cocktail da morte , devido aos seus componentes de vitaminas misturadas com "GLUCURONOLACTONE", química altamente perigosa, que foi desenvolvida pelo Depto de Defesa dos USA, durante os anos 60 para estimular o moral das tropas americanas no Vietnan. Seus efeitos eram como se fossem o de uma droga alucinógenea, que acalmava o stress da guerra. Entretanto seus efeitos no organismo dos soldados foram devastadores - alto índice de casos de enxaquecas, tumores cerebrais e doenças do fígado.
Apesar de tudo, na lata de Red Bull ainda se lê entre os seus componentes: Glucoronolactona, catalogado medicamente como um estimulante.
Mas o que a lata de Red Bull não diz são as conseqüências do seu consumo, que obriga a colocar uma série de advertências:
É perigoso tomá-lo se, em seguida, não se fizer exercíco físico, já que a sua função energizante acelera o ritmo cardíaco e pode provocar um enfarte fulminante.
O risco de se sofrer uma hemorragia cerebral , porque o Red Bull contém componentes que diluem o sangue para que seja mais fácil ao coração bombear o sangue e assim se poder fazer esforço físico com menos esgotamento.
É proibido misturar Red Bull com álcool, porque a mistura transforma a bebida numa "Bomba Mortal" que ataca diretamente o fígado, levando a zona afetada a incapacidade de jamais se regenerar.
Um dos componentes principais do Red Bull é a vitamina B12, utilizada em medicina para recuperar pacientes que se encontram em coma etílico; daí o estado de excitação em que se fica após tomá-lo. É como se estívessemos estado de embriaguez.
O consumo regular de Red Bull provoca uma série de doenças nervosas e neuronais irreversíveis.
Conclusão:
A Red Bull deveria ser proibida em todo o mundo , como já está sendo em alguns países pois se desavisadamente ou intencionalmente misturada ao álcool torna-se uma bomba relógio para o corpo
humano, principalmente entre adolescentes e adultos que desconheçam os efeitos letais da bebida.

Muito ética a Red Bull não?

Julio Cezar Kronbauer disse...

Então isso quer dizer que a França e a Dinamarca teriam que proibir também os vinhos tintos, cereais, maçãs e pêras? http://pt.wikipedia.org/wiki/Glucoronolactona

Isso sem falar nos alimentos que possuem vitamina B...

Existe aquela história de que tudo que é demais faz mal... basta não viver bebendo Red Bull e pronto!

Isso está mais para lenda urbana do que qualquer outra coisa...

Anônimo disse...

Finalmente alguém com o mesmo pensamento que o meu. Concordo com tudo (exceto a última frase).

Alaor Guernieri disse...

Texto totalmente inqualificavel.

Se levar em conta um "Fernando is faster than you" ou a postura vergonhosa do espanhol ao fim da ultima corrida, 2010 foi sim uma vitória do esporte sobre a suja Ferrari.

Tifosi/alonsete ridículo.

Anônimo disse...

É uma visão distoante, sem dúvidas.

Mas em Silverstone o próprio Webber relatou a imprensa no dia anterior ao ocorrido que não havia se adaptado muito bem a nova asa e que gostaria de correr com a antiga.

Sendo assim, onde está a falta de lisura da equipe.

Na Turquia, Vettel foi imprudente, bateu e foi culpado por todos da imprensa, menos pela sua equipe, que também não culpou Webber, apenas o Helmut Marko, mas esse não conta.

No Brasil eu achei que deveriam inverter as posições, achei mesmo. Mas não fizeram e pensei que perderiam o WDC.

Então, onde pode residir a hipocrísia?

DGF disse...

Claudemir, é de fato uma afirmação polêmica essa que fiz e parece que muitos não entederam o que eu quis dizer.

Alguns disseram que sou "ferrarista", outros disseram que estou ficando louco.

Só para deixar claro, quando eu digo que "nasce uma nova Ferrari", quero dizer que a Red Bull se tornou uma Ferrari por ser hipócrita, e não que a Ferrari "renasceu". Haja ruído na comunicação...

De todo modo, como eu falei no texto, acho muito difícil que a Red Bull tivesse deixado o barco correr se Webber estivesse na frente de Vettel na corrida.

Como as peças estavam do jeito que eles queriam, na ordem certa e no momento certo, deixaram correr e ganharam um respeito que, a meu ver, não é devido. É muito fácil vc dar sorte e depois dizer que fez uma opção consciente, que foi o que o Mtaeschitz fez (brilhantemente, diga-se de passagem).

O meu texto simplesmente quer dizer que eu não acredito nisso nem um segundo.

Mas agora acabou e 2011 já está aí. O assunto é outro agora.