segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ordens de equipe: o veredicto popular

É claro que considerar 61 votos num universo de milhões de fãs como um "veredicto" é deveras pretensioso, mas o fato é que os leitores que visitam o Splash-and-go e outros blogs sobre F1 têm um olhar bastante aguçado e crítico sobre categoria, e o resultado da enquete reflete essas características.

Trinta e seis porcento dos votos, ou mais de um terço da amostragem, considera que a Ferrari teria de ser multada e desclassificada do GP da Alemanha. Isso significaria a perda total dos pontos dos pilotos e da equipe, além de uma multa mais salgada que a imposta pela direção de prova daquele GP (US$ 100 mil).

Em segundo lugar, com 27%, vem uma pena mais branda: apenas a desclassificação, sem uma multa maior. Para esses leitores, a perda dos pontos sozinha já é punição suficiente para a Scuderia amargar um péssimo resultado, que poderia enterrar de vez seu campeonato.

A suspensão de uma ou mais corridas, uma pena considerada muito severa para uma equipe do porte da Ferrari, foi corroborada por 24% dos votantes. Há de se lembrar que a ausência da Ferrari de uma corrida é algo tão raro, se não inédito -a equipe participou de todos os campeonatos de F1 já disputados-, que causaria um furor mundial entre os fãs da categoria.

Nenhum mísero voto para uma pena pecuniária mais robusta, o que demonstra que os fãs consideram a equipe tão abastada que uma multa não vale absolutamente nada do ponto de vista da "lição" a ser dada por um malfeito na pista.

Por fim, 11% dos leitores são a favor das ordens de equipe.

As ordens em si são palatáveis e até necessárias em um esporte tão caro. O problema está no modus operandi de Domenicali e cia.

Com a poeira mais baixa e o golpe acusado, é possível ver que a maioria dos insiders da F1 defende o banimento da regra que proíbe as ordens de equipe, e não das ordens em si.

Isso ocorre justamente porque é impossível banir as ordens de equipe enquanto houver comunicação entre os pilotos e seu pitwall. Houve quem sugerisse o banimento das comunicações via rádio entre piloto e equipe, mas isso sem dúvida tornaria a F1 mais perigosa, e não é isso que a maioria quer.

Há também aqueles que defendem uma visão sobre a F1 como se fosse futebol. Torceria-se pela equipe, e não pelo piloto. Há muitos que torcem dessa forma, mas a F1 é um esporte global e o primeiro elemento de identificação entre a torcida e o esporte é a nacionalidade. Além do quê, a personalidade de cada piloto é um grande chamariz para os mais diversos tipos de torcida.

Do ponto de vista do marketing, as ordens de equipe óbvias como as que ocorreram no GP da Alemanha e no GP da Áustria de 2002 são um desastre. Seria bom que uma espécie de "acordo de cavalheiros" continuasse a valer entre F1 e o torcedor. Todos sabem que o esporte não é um esporte puro, então, que as mutretas sejam feitas por baixo dos panos.

Erradicar de vez as ordens não é possível em nenhuma hipótese, mas para o bem da relação entre a F1 e o resto do mundo, as coisas tinham de ocorrer de uma forma um pouco mais dissimulada e menos arrogante. A regra contra as ordens de equipe deveria existir para que o fã sentisse que ao menos algo está sendo feito contra tais ordens.

O resultado das corridas e do campeonata nada vale sem a anuência dos fãs que ano após ano enchem os bolsos das equipes, patrocinadores, pilotos, TVs, da FOM, das cidades que abrigam as corridas, etc, etc, etc...

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