segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A F1 e os games - Parte 1

Se você é fã de F1, é claro que já deve ao menos ter dado uma pilotada em uma das centenas de opções de jogos que têm como tema o automobilismo e a F1.

Dependendo da sua idade, você alcançou uma satisfação ainda maior ao acompanhar a evolução dos jogos de corrida dentro de cada plataforma ou console desde o Atari.

Quem nunca jogou Enduro no Atari horas a fio chegando à frustrante conclusão que o jogo quase não tem fim (alguém sabe se tem?) e que a dificuldade é exponencial?

Ou no PC, você sonhou em ter uma Ferrari Testarossa no jogo Test Drive, da Accolade? Ou mesmo emular Piquet e Mansell no clássico Grand Prix Circuit?


Accolade Grand Prix: ficava horas tentando baixar o tempo em Monza

Isso para não falar do mega divertido Stunts, sem dúvida um dos jogos mais bacanas que já saíram para o PC.

Stunts: Loopings, saltos incríveis e carros bacanas

De todos os jogos automobilísticos que já existiram, o jogo que este escriba passou mais tempo jogando foi, sem dúvida, o Formula 1 Grand Prix (conhecido como World Circuit nos EUA), da Microprose, a obra prima da simulação de Geoff Crammond.

Conhecido pelos fãs como F1GP ou simplesmente GP1, esse jogo mudou o conceito de simuladores de corrida.


Introdução do F1GP: na vanguarda dos simuladores em 1992

Antes dele, o Indianapolis 500: The Simulation, da Papyrus, foi uma revolução em termos de gráficos e física, mas o jogo era limitado a apenas uma pista, Indianápolis, e os gráficos, embora muito bons para a época, não traziam textura.

Indy 500: The Simulation: diversão limitada, mas garantida

O F1GP não só texturizou as superfícies como também teve um cuidado especial com os cenários de cada GP, algo impensável para jogos como Super Monaco GP, em que todas as pistas eram praticamente iguais.

Fora, é claro, a quantidade de coisas que podiam ser alteradas no carro e que diferença isso fazia na performance em cada pista. Um jogo que marcou época.

Acredite, em 1992, um jogo como esse era o suprassumo da diversão para um garoto de 12 anos. Além do jogo (cujos disquetes de 5 e 1/4, além da caixa e do manual, guardo até hoje), reunia os amigos para curtir um "volante" do tipo manche de avião que havia comprado apenas para nos divertirmos com o F1GP.

Não era lá muito apropriado usar um manche para um jogo de carros, já que para acelerar, você tinha de empurrar o manche para frente e a frenagem ocorria com o manche para trás. Além do que, o manche era digital, ou seja, era o mesmo que pilotar pelo teclado, que não tem graduação de pressão de freio ou acelerador.

Tanto o jogo quanto o manche foram comprados na Fenasoft daquele ano, uma das maiores feiras de tecnologia da América Latina, que era (e ainda é) um mundo de diversão para qualquer pessoa que goste de computadores.

Logo depois do F1GP, uma outra revolução veio na forma do IndyCar Racing, da Papyrus. O jogo era um primor de gráficos, com todos os pilotos que correram na FIndy naquela época, além de um sem-número de formas de trabalhar o setup do carro.


Introdução do IndyRacing: muito melhor, mas não foi páreo para o F1GP

Um grau na inclinação da asa, um ponto na dureza da suspensão, um grau na cambagem dos pneus dianteiros faziam toda a diferença nesse que sem dúvida permanece como um dos jogos mais completos de simulação já lançados para o PC. Este é outro que ainda é guardado com carinho, tanto caixa, quanto discos originais (agora os de 3 e 1/2) além do manual. Coisa fina!

Capricho: Indycar tem direção de arte irretocável

Aliás, o manual é uma aula técnica sobre carros de corrida. Cada detalhe do carro é explicado com clareza didática, tanto quanto a relação de causa e consequencia entre, por exemplo, uma pressão mais baixa e mais alta do pneu. Tudo era esclarecido para que você se torne um craque no setup. O manual era quase mais divertido de se ler do que o jogo de se jogar. Clássico!

Depois de divertir-me bastante com estes jogos, a constante atualização, tanto dos games quanto do hardware necessário para rodá-los, fez com que o mundo dos simuladores ficasse mais distante a partir de 1995, mas continuei ativamente jogando estes jogos e outros como Nascar Racing, também da Papyrus, enquanto era possível rodá-los no meu computador.

Houve também, é claro os GPs 2, 3 e 4, que são até hoje jogados no mundo todo. Saudosistas ainda consideram o GP4 um dos melhores de todos os tempos.

Não tive a felicidade de jogá-lo como gostaria, mas sei que é um jogo sensacional e até hoje saem mods, ou seja, pacotes com atualizações de carros e pistas atuais para que você possa jogar com Lewis Hamilton ou Sebastian Vettel em pleno 2010 um jogo lançado há quase uma década.

No próximo post, considerações sobre a nova geração de games, que alcançam patamares cada vez maiores de realismo gráfico, embora às vezes em detrimento da simulação em si, um tema bastante discutido e polêmico entre os simracers, ou os fãs de simuladores.

5 comentários:

Ron Groo disse...

Puxa, tirando o enduro, nunca joguei nem um outro...

JCCJCC disse...

Jogos fantásticos, para mim são os verdadeiros jogos de automobilismo. A série F1 da EA sempre me pareceu demasiado artificial, fico com a ideia que estou a jogar numa daquelas máquinas arcade de 1990 em que o jogo é só para entreter, mas não tem nada de realismo.

Joguei um parecido a esse da Atari, mas para o spectrum, lá para 88-89, mas não me lembro do nome.

O Test Drive era excelente, mas era complicado de jogar. O GP da Accolade inovou com a noção de campeonato, e com as paragens nas boxes.

o Indianapolis era bastante divertido, mas complicado de evitar os acidentes, foi o primeiro a permitir alterações de afinação nos carros. Passados 20 anos ainda não consegui acabar as 500 milhas, o máximo que fiz foram 300 ou 350, não dava para gravar, era necessário fazer o jogo todo seguido sem acidentes.

O World Circuit foi para mim um dos jogos mais avançados para o seu tempo, inovou com as texturas, inovou com o realismo das pistas, o realismo da condução já era muito aceitável. O campeonato decorria com as regras oficiais, tinha todos os circuitos do campeonato, enfim. Com os editores que circulam por aí, ainda tenho jogado isso, adaptado a outras épocas.


Tenho também jogado o GP2, ainda hoje joguei, jogo que permite a alteração de tudo o que rodeia o jogo: pintura, forma e performance dos carros, pilotos, e sobretudo circuitos.


Falta-te aí na lista o GP Legends, jogo que nunca joguei, mas que tem uma grande comunidade de fans ainda activa.

Raphael disse...

Puxa, sinto-me um ET. Infelizmente nunca joguei nenhum desses. Só F1 Race, do Game Boy; Top Gear do SNES (senti falta de uma menção a ele); F1 World Grand Prix do Nintendo 64 e mais recentemente a série F1 da EA e o aclamado rFactor.

Daniel disse...

Stunts era sensacional! Vários carros de diversos segmentos, desde carros comuns até F-Indy e Protótipos do antigo Grupo C.

O realismo não era o forte, mas era diversão garantida.

Seria excelente se alguma empresa fizesse uma grande atualização para este jogo! Imagine como seria com as posibilidades gráficas de hoje?

Mateus disse...

IndyCar Racing é simplesmente fantástico. Há anos estou procurando o manual dele, lembro que era enorme, muitas informações. Você poderia de alguma forma escanear ele e disponibilizar em pdf? Valeu pelo post!!