quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Ferrari: a hora da verdade

Depois do pomposo lançamento do modelo F10, todas as expectativas em relação à Ferrari se viram agora para o Bahrein, quando a equipe finalmente vai mostrar a que veio junto a outras tantas em ambiente competitivo.

A Ferrari está numa situação particularmente delicada por uma série de razões:
  • perdeu o título de pilotos na última curva em 2008;
  • começou a temporada de 2009 fazendo lambança;
  • perdeu seu então principal piloto no meio da temporada em um acidente;
  • venceu apenas uma corrida, resultado que não ocorria desde 2005;
  • os substitutos do piloto acidentado decepcionaram e não pontuaram;
  • perdeu o quinto lugar no campeonato de pilotos de 2009 por um ponto;
  • perdeu o terceiro lugar no campeonato de construtores de 2009 por um ponto;
  • demitiu sumariamente o piloto que lhe trouxe o primeiro título mundial depois da era Schumacher e pagou uma fortuna por isso;
  • contratou outro piloto por outra fortuna sem ter garantia de retorno;
  • não se sabe ao certo a competitividade de seu piloto acidentado;
  • perdeu sua mascote oficial, Michael Schumacher, para um grande adversário.
Se você pensar bem, haverá outros itens que se encaixarão como uma luva na lista acima, mas estes são basicamente os pontos-chave.

A pergunta que fica é a seguinte: o que vai acontecer com a Ferrari e a F1 em 2011? É certo que 2010 nem começou, mas está a se desenhar uma situação no mínimo estranha, e curiosa, no mercado de pilotos do ano que vem.

Senão, vejamos:

Hipótese 1: Alonso vence o campeonato

Felipe Massa tem seu contrato findo este ano. Teoricamente, ano que vem ele estará livre para renovar ou sair. Se Alonso vencer o título mundial sem grandes rusgas com Felipe, é provável que a Ferrari queira renovar com o brasileiro.

Alonso campeão, patrocinadores satisfeitos, Ferrari satisfeita e investimento recuperado. Se depender da Scuderia, Felipe deve permanecer. Ele também provavelmente vai querer ficar, pois ainda vai acreditar que pode bater Alonso e porque a grana é alta. Ferrari é sempre Ferrari, seja você Barrichello ou Massa.


Hipótese 2: Massa leva o título

Essa hipótese deve ser a mais estranha para a Ferrari, pois se eles mandaram embora Kimi Raikkonen e contrataram Alonso a peso de ouro, eles não esperam que Felipe vá vencer campeonato algum. Diante do modus operandi de Maranello, essa hipótese também pode levar a equipe a manter sua dupla para 2011, mas é possível que Alonso não vá aceitar tão bem a idéia de ter tanta igualdade na equipe a ponto de ser batido por Massa ao título. Afinal, ele foi contratado para vencer, e não para perder para Massa.

Entretanto, nessa hipótese, os patrocinadores não ficariam TÃO satisfeitos e Alonso também não. Seria um grande foco de tensão. Mas Felipe Massa se elevaria finalmente ao panteão dos maiores pilotos de F1 da modernidade caso isso ocorresse. E com a vantagem de ter um caminho bem mais aberto em outras equipes, caso a Ferrari cogite em fazer o que a Brawn fez com Jenson Button.


Hipótese 3: Alonso e Massa derrotados, Alonso bate Massa no campeonato

Esse cenário leva quase que inexoravelmente à dispensa de Felipe Massa da Scuderia. Caso não tivesse se acidentado, Massa provavelmente teria garantido a Kimi mais um ano na equipe vermelha, mas como se acidentou, tudo se antecipou e Alonso foi trazido da Renault. Os patrocinadores não ficarão satisfeitos com essa hipótese, mas o potencial de Alonso na equipe é óbvio e Massa, já completando 30 anos em 2011, seria dispensável.

Acontece que dificilmente Felipe pilotaria pela McLaren ou Mercedes, o que lhe sobraria a Red Bull. Mas lá ele teria alguns jovens pilotos para lhe atrapalharem o caminho, além de já estar desacreditado depois do fracasso em 2010. Seria duro para o brasileiro uma derrota total da Ferrari, por mais fiel que ela lhe pareça ser.


Hipótese 4: Alonso e Massa derrotados, Massa bate Alonso no campeonato

A quarta opção aumentaria sobremaneira o crédito de Felipe Massa na F1, ainda que não leve o título, mas mesmo assim, bater Alonso em uma equipe mediana não chamaria tanto a atenção da mesma forma como foi em 2009, quando poucos realmente notaram que Massa estava destruindo Kimi na tabela de pontos.

O fato é que o campeonato é que vale numa equipe grande. Não adianta bater o outro com carros ruins (Barrichello que o diga). Se a vantagem for muito grande, aí sim Alonso iria começar a perder seu nome construído com custo desde seu ingresso na categoria. Se a vantagem for pequena, vão desconsiderar e dizer que o carro era péssimo mesmo e que isso não faz diferença.


Em todos os casos citados, Massa está sempre em desvantagem porque tem que realmente bater Alonso e ser campeão para se elevar ao nível dos mestres, coisa que as pessoas ainda se recusam a considerá-lo.

De todo modo, 2010 será interessante para descobrir se o carro da Ferrari está mais para um F10 ou mais para um Ctrl + Alt + Del.

Haja coração!

3 comentários:

Ron Groo disse...

Eu achei o carro muito pouco para uma Ferrari. Uma cópia da Red Bull.
Fiquei decepcionado.

Christiano disse...

Belo Post, mas fico com a hipótese 3.

Fábio Andrade disse...

O certo é que pelo investimento em Alonso e pelo período de tempo que a F10 ficou sendo gestada pelos projetistas de Maranello, que abandonaram a F60 ainda no meio de 2009, a Ferrari tem obrigação de, pelo menos, brigar pelo título. Caso contrário será mais um mico dos italianos, uma espécie de atestado final de que a equipe não funciona na mão dos emotivos conterrâneos de Domenicali e CIA.