sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Bruno Senna: a maldição leva a melhor

Um dos primeiros posts do Splash-and-go em 2010 tratava da maldição de Bruno Senna. Falava sobre como o primeiro-sobrinho parecia ter entre si e a F1 uma espécie de barreira. Toda a movimentação do piloto para correr na categoria parecia ser barrada por uma série de circunstância misteriosas e sempre desfavoráveis ao brasileiro.

Eis que, finalmente, depois de uma temporada caótica, difícil e injusta, o sobrinho de Ayrton é expulso da F1 pela porta dos fundos. Publicou este blog lá no início de 2010: “(...) parece mesmo que algo atrapalha as pretensões de Bruno de pilotar na F1. Algo ruim, uma espécie de maldição.

Talvez a própria perda do tio já seja maldição o suficiente, mas a partir daí seu afastamento do automobilismo, sua volta mais ou menos bem sucedida, mas sem grandes conquistas, e agora suas frustradas tentativas de ingressar no topo do esporte a motor já seriam algo a se considerar...

Bruno Senna quer a F1, mas será que a F1 quer Bruno Senna?”

No geral, não parece haver consenso entre quem teve uma temporada melhor, Senna ou Chandhok. Tanto o indiano quanto o brasileiro tiveram como melhor colocação um 14º lugar, algo fundamental para a HRT bater a Virgin no campeonato de construtores com o 11º lugar.

Chandhok ganhou fãs, mas Narain é o piloto mais importante da Índia

Chandhok ganhou o coração de vários fãs da Europa ao se mostrar um camarada gente boa e um excelente comentarista de F1. Após sua saída da HRT para a entrada de Sakon Yamamoto, o indiano foi convidado pela rádio BBC para comentar as corridas e acabou se revelando um grande talento por trás dos microfones e das câmeras.

Aos 33 anos, "o indiano mais rápido do mundo" volta com grana e planos

Entretanto, Narain Karthikeyan (na foto), um dos novos pilotos da HRT, é muito bem conceituado em seu país. Embora sua passagem pela F1 não tenha sido estelar, sua performance em fórmulas inferiores foi digna de respeito, enquanto Chandhok não fez muito de sua carreira. Narain traz potenciais milhões para a equipe para os próximos três ou quatro anos com a montadora Tata, o que deixou seu jovem conterrâneo a pé.


Bruno Senna no entanto não conseguiu angariar novos fãs e ainda teve rusgas durante todo o ano com seu chefe, Collin Kolles. A frase do chefe da equipe quanto à saída de Senna parece maldosa, triunfal, vingativa até: “Definitivamente, posso dizer que o senhor Bruno Senna não vai correr para a HRT. Cem por cento certo que não”.

Do ponto de vista das relações para Bruno Senna a situação já havia se degradado muito com a saída de quem havia lhe contratado inicialmente, no caso, Adrián Fernández. Portanto, com Kolles fazendo a caveira do piloto, é melhor mesmo que saia da equipe.

Há algumas semanas, o mesmo Kolles havia dito que a Lotus só ficou à frente da HRT na temporada por causa dos pilotos, ou seja, Senna e Chandhok não deram no couro.

Mas não parece agora haver lugar na F1 para ele. Como dizem no exterior, “it’s a buyer’s market”, ou seja, quem dá as cartas são os contratantes agora, e não os contratados. Não há nada que difira o Bruno Senna de 2010 do Bruno Senna de 2011.

Por esse motivo, não é leviano dizer que o primeiro-sobrinho enterrou sua carreira na F1 ao optar por correr na HRT em 2010. Uma decisão que talvez ele venha a se arrepender de ter tomado. A maldição se concretiza com toques de crueldade... e Bruno Senna vai ter que procurar outro lugar para mostrar sua velocidade.

5 comentários:

Tomás Motta disse...

Daniel, para variar, ótimo texto.

Pois bem, acho que estrear na Hispania foi um erro. E ainda mais com o detestável Colin Kolles como seu chefe, a aliança não ia dar certo.

Se Bruno sabia disso, acho que sim, mas talvez ele preferisse de vez estar na F1 do que esperar mais um ano e mesmo assim a oportunidade não aparecesse. São escolhas da vida.

Agora, ele pode sim ir para outras categorias- O automobilismo não é apenas Fórmula 1. Claro que com a automática ligação a Ayrton, ser competitivo e ESTAR nela é como uma obrigação.

Se fizer como Nelsinho (outro que caiu nas mãos de um chefe de equipe errado) e ir para a NASCAR, talvez dê certo.

Mas o seu futuro é imprevisível...

DGF disse...

Tomás, Bruno foi realmente infeliz em ter se afastado do automobilismo na época da morte do Ayrton...

A conta começou a ser paga em 2008 com os testes com a Honda que não deram em nada e agora a fatura chega ao seu valor máximo com o Bruno alcançando um beco sem saída.

É a F1...

Tomás Motta disse...

É a F1... Realmente.

Mas Daniel, também penso o seguinte- Cair nas mãos certas muitas vezes é o mais importante.

Alonso já era empresariado por Briatore com menos de 20 anos e com seu respaldo olhe aonde chegou- e a sua carreira ainda dará muitos mais frutos.

Enquanto isso, Nelsinho Piquet cai nas mesmas mãos de Briatore mas o efeito é o contrário- Aproveitamento, desdém e chantagem por parte de Flavio.

Momento insuportáveis na Renault e que o fizeram perder prestígio diante da F1.

Bruno: Cai nas mãos do detestável Colin Kolles e eles jamais se deram bem em 2010- Colin o tirou em Silverstone e depois trouxe Klien para provar que Bruno "não é rápido".

Basicamente, além do talento e potencial, claro, o sucesso na F1 se sustenta no apoio que você tem por trás.

Alonso e Hamilton não uma prova disso. Um teve Briatore e o outro Ron Dennis lhe dando apoio incondicional- resultado: Hoje os dois são campeões e estão nas maiores equipes da F1.

Sem tirar o talento deles, claro.

Mas os colocando no lugar e situações de Nelsinho e Bruno, não sei se teriam grande futuro...

Ron Groo disse...

É o preço por fazer más escolhas.
Sei que ele não é nenhum jovem e tal, mas a pressa em chegar a F1 foi seu próprio caixão.
Não volta mais, tenho certeza.

alexgontijo disse...

Pois é... comprar a entrada não permite durar mais do que uma fração de segundo quando a grana acabar.

Daniel, você poderia falar da maneira como os pilotos tem entrado na F1 ultimamente, com raras excessões como Hamilton e Vettel, quase todos tem comprado a entrada... Está difícil de engolir isso, não estou gostando nada desse rumo, assistir ao Karthikeyan correr não me empolga nem um pouco...