sábado, 26 de março de 2011

Classificação GP da Austrália: Red Bull consolida uma nova era


Ainda que não seja inesperada, a dominância da Red Bull nas ruas de Melbourne Park assusta. Assusta porque, ao se analisar a F1, percebe-se que todas as décadas tiveram um carro dominante, uma força de outro mundo que enterrou a concorrência de forma tão absurdamente forte que não se sabia se o melhor era admirar o feito ou reclamar da falta de competitividade.


Em 1988, Senna e Prost engoliram o mundo com o McLaren MP4-4. Venceram tudo e todos sem pena. Naquele ano, apenas Gerhard Berger, então piloto da Ferrari, quebrou a incrível sequência de pole-positions de Ayrton e Alain.


Em 1992, foi a vez de Nigel Mansell dominar a tabela sozinho, tendo apenas Senna para atrapalhá-lo no GP do Canadá, já que Riccardo Patrese marcou a pole no GP da Hungria, mas era seu companheiro de equipe. O FW14 era obra de ninguém menos que Adrian Newey.


Já em 2004, o F2004 da Ferrari destruiu o resto do grid, principalmente em termos de corrida. Na classificação, foram 11 pole-positions em 18 etapas, sendo quatro de Barrichello e sete de Schumacher. Não teve pra ninguém e paradigmas foram mudados depois desse ano apenas para cortar as asas da Ferrari.


Agora é 2011 e, parece, a Red Bull terá um ano ainda mais fácil que 2010, em que o RB6 de Adrian Newey conquistou nada menos que 15 pole-positions em 19 etapas. O ano passado abriu um perigoso precedente que pode se tornar a "Era Red Bull". Será que o RB7 irá além?

É interessante observar a escalada da RBR porque sabe-se que muitos medalhões do paddock olham com desdém para os boxes comandados por Helmut Marko e Christian Horner. Um nome sem longa tradição no esporte agora pode estar entrando no panteão dos deuses da categoria mais cedo que alguém jamais imaginou.

Embora tenha vencido um campeonato mais do que polêmico em 2010, é hipocrisia ignorar o quanto a F1 foi embaralhada com a dominância da equipe austríaca. E é mais do que bacana ver McLaren, Ferrari, Mercedes, e equipes que um dia dominaram como Williams e Renault, tendo de calçar as sandálias da humildade e correr atrás da solução de seus problemas e ainda evitar de serem humilhadas pela jovem campeã.

Em qualquer esporte, a quebra do status quo é positiva, traz reflexão, desenvolvimento, traz emoção e, principalmente, novos fãs. Acontece que em muitos esportes isso acontece uma vez ou outra por obra de "azarões" para logo tudo voltar à "normalidade".

Acontece que a Red Bull não quer voltar à normalidade e provavelmente não voltará, pois tem muito dinheiro, recursos e talento em seu casting. Dificilmente perderá o status de grande equipe nos anos vindouros e figurará, quer queiram McLaren e Ferrari, quer não, ao lado delas na galeria dos campeões atemporais.

E que comece 2011, (mais um) ano da Red Bull.

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